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Estudos recentes mudaram o que se pensava sobre o ciclo de contaminação do Fungo da Podridão Vermelha 2x546k

02/08/2021

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Estudos recentes mudaram o que se pensava sobre o ciclo de contaminação do Fusarium verticillioides.

Acreditava-se que o F. verticillioides era oportunista, ou seja, se aproveitava dos buracos no colmo da cana-de-açúcar, para contaminá-la. Mas a verdade não é bem essa. Resultado de sete anos de pesquisa das *equipes dos professores Marcio de Castro Silva Filho, do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas, e José Maurício Simões Bento, do Laboratório de Ecologia Química e Comportamento de Insetos, ambos da Esalq*, mostrou que o fungo F. verticillioides manipula a broca e a planta para conseguir se disseminar em grande escala.

 

Uma planta saudável possui mecanismos estruturais e bioquímicos resistentes à penetração de fungos. Porém no caso da F. verticillioides, é diferente, ela se beneficia da interação íntima com a broca da cana-de-açúcar para infectar a planta e se disseminar. Acontece que o fungo produz compostos voláteis que atraem a D. saccharalis e quando consumidos a infecta e se torna parte do seu ciclo de vida, permanecendo até a geração seguinte, mesmo com a ausência do fungo.
“Assim que a broca se torna adulta, como mariposa, o fungo é transmitido para seus descendentes, que continuam o ciclo inoculando o fungo em plantas saudáveis”
Dessa forma a lagarta é o próprio vetor da doença e não uma facilitadora. Além disso, um dos experimentos do estudo também mostrou que essa interação potencializa em até dez vezes a sua distribuição em relação ao que se pensava anteriormente.

 

Esse é o primeiro caso registrado de uma interação fungo-inseto, pois se trata de um fenômeno raro no mundo biológico, conhecido como transferência vertical.
Dados do Centro Tecnologia Canavieira (CTC), apontam prejuízos anuais na faixa de R$5 bilhões, ou seja, cerca de 400 mil toneladas de cana deixam de ser moídas. Além disso, o fungo altera a composição dos compostos voláteis específicos que atraem fêmeas adultas saudáveis da broca que, por sua vez, realizarão a oviposição em plantas não contaminadas de modo a potencializar a dispersão do fungo.
A forma como o fungo se dissemina com a ajuda da broca, reforça a necessidade de atenção no controle biológico para conter a infestação da doença. Segundo o professor Simões, “as infestações da praga devem ser mantidas sempre que possível em baixas infestações, tanto por meio do parasitoide larval (Cotesia flavipes), quanto pelo parasitoide de ovos (Trichogramma galloi)”.

 

Fonte: Jornal da USP